No final de Julho de 2019 revelámos aqui uma nova base de dados desenvolvida pelo CEPESE, chamada "DIGIGOV - Diário do Governo Digital (1820-1910)". Já em outro texto demonstrámos como esta base de dados é muito importante para a pesquisa genealógica, em alguns casos contendo informação que não podemos encontrar em outras fontes. Como prometido, neste texto iremos dar algumas dicas para pesquisar na referida base de dados, no sentido de se obter a maior quantidade possível de dados que nos interessem. Não iremos aqui explicar quais os cuidados a ter e quais as estratégias a seguir na pesquisa em bases de dados "online", pois isso levar-nos-ia muito longe. É um tema importantíssimo no panorama actual da pesquisa genealógica e até objecto de abordagem na formação "Genealogia sem segredos", mesmo assim apenas de forma resumida, pois muito há a dizer sobre o assunto. Aliás, estamos a trabalhar para que, brevemente, seja possível a realização de workshops práticos que colmatem as muitas falhas notadas na pesquisa genealógica "online". É que, em geral, quem pesquisa na Internet os seus antepassados não faz sequer ideia de que as informações encontradas frequentemente são apenas uma pequena parte das informações que estão disponíveis. Também na base de dados "DIGIGOV - Diário do Governo Digital (1820-1910)", se não soubermos como pesquisar de modo eficiente, muita da informação que nos interessa não a iremos encontrar. Portanto, neste texto vamos apenas dar dicas especificamente relacionadas com o modo como foi construída a base de dados "DIGIGOV". No próprio interface de pesquisa, existem já algumas instruções. Porém, vamos aqui explicar o porquê dessas instruções e ainda como dar a volta a alguns problemas de compatibilidade entre a semântica inerente à pesquisa e aquilo que podemos querer encontrar. Em primeiro lugar, e como é referido no final do menu do lado direito do interface de pesquisa, deve-se pesquisar com a grafia da época: por exemplo, "parochia" em vez de "paróquia", "Emigdio" em vez de Emídio", "Jacintho" em vez de "Jacinto", etc.. Porém, e sobretudo no caso de nomes próprios e apelidos, convém pesquisar com as duas variantes, pois muitas vezes havia mais do que uma forma possível de os escrever. Assim, se na base de dados "DIGIGOV" procura um antepassado com o nome "Emídio", pesquise não só "Emigdio", como também "Emídio", e ainda "Emygdio". No caso de "Jacinto", pesquise com a grafia antiga "Jacintho" e também com a grafia actual. Irá encontrar resultados pesquisando de uma maneira que não encontrará pesquisando de outra maneira. Em segundo lugar, as muitas experiências que já fizemos com esta base de dados permitiram perceber que, além das normais deficiências do reconhecimento óptico de caracteres (vulgarmente designado como OCR) em jornais antigos - deficiências essas que não iremos aqui abordar em geral, por serem um tema à parte - há uma em concreto que se nota bastante na base de dados "DIGIGOV" e que podemos contornar no sentido de obtermos maior número de resultados que nos interessem. Referimo-nos ao facto de o OCR frequentemente ter assumido que, entre uma inicial maiúscula e um bloco de letras minúsculas, existia um espaço. Por exemplo: se pesquisarmos "Xavier Pereira" e depois "X avier Pereira", os resultados da segunda pesquisa, embora muito menos numerosos, não surgem necessariamente na primeira pesquisa e, quando surgem, é porque a mesma expressão composta repete-se nessa página: uma vez com um OCR deficiente e outra(s) vez(es) com um OCR eficiente. Isto significa que, se pesquisarmos "Jacintho" e "Jacinto" devemos também pesquisar "J acintho" e "J acinto", pois iremos recuperar resultados que não surgem sem introduzirmos o espaço entre a inicial maiúscula e o resto do nome. Em suma, e passando para expressões compostas, se quisermos procurar no "DIGIGOV", por exemplo, um antepassado chamado "Francisco Eleutério", devemos pesquisar, cumulativamente: - com a grafia antiga "Francisco Eleutherio", - com a grafia actual "Francisco Eleutério", - com a grafia antiga mas com espaços entre as iniciais e o resto do nome, primeiro "F rancisco Eleutherio", depois "Francisco E leutherio", e ainda "F rancisco E leutherio", - com a grafia actual mas com espaços entre as iniciais e o resto do nome, primeiro "F rancisco Eleutério", depois "Francisco E leutério", e ainda "F rancisco E leutério". Note-se que, ao pesquisarmos "Francisco E leutherio", "F rancisco E leutherio", "Francisco E leutério" e "F rancisco E leutério", se não colocarmos toda a expressão entre aspas a base de dados pode interpretar esse "E" como operador de pesquisa, equivalente ao sinal "+" e, em vez do que desejamos procurar, vai-nos dar resultados em que surjam as palavras "Francisco" ou "F rancisco" em conjunto com "leutério" ou "leutherio", consoante os casos. Quando o conjunto de palavras ou expressão composta que estamos a pesquisar não contém nenhuma palavra que funcione na base de dados como operador de pesquisa - nomeadamente "E", "OU" e "SEM", conforme é explicado nas instruções contidas no próprio interface de pesquisa - então podemos não usar sequer as aspas, pois a base de dados assume a priori que queremos encontrar resultados para uma expressão composta. Portanto, e pegando agora na lista de operadores de pesquisa constante do próprio interface de pesquisa do "DIGIGOV": - As aspas usam-se para pesquisarmos uma expressão exacta, ainda que a não colocação de aspas tenha o mesmo efeito, desde que na expressão que queiramos pesquisar não surjam pelo meio palavras que a base de dados possa interpretar como operadores de pesquisa (os já referidos "E", "OU" e "SEM"). À partida, em Genealogia, pesquisar expressões compostas parece ser a forma mais indicada para pesquisar, mas não pode ser a única, sobretudo quando a expressão que queremos encontrar tem mais do que duas palavras. É que a probabilidade de haver deficiências de OCR aumenta quanto maior for o número de palavras. Ora, se pesquisarmos, por exemplo, "José Estevão Coelho de Magalhães", basta que o OCR, em algumas das ocorrências, tenha lido um dos "h" como "b" ou um dos "e" como "c" e não iremos encontrar esse resultado na base de dados "DIGIGOV" se pesquisarmos o nome inteiro tal e qual ele deve ser escrito. Portanto, ao pesquisarmos nomes completos compostos por várias palavras devemos começar sempre com a conjugação das duas palavras menos vulgares e, só no caso de surgirem demasiados resultados, então sim devemos acrescentar mais uma das palavras do nome, e assim sucessivamente - se for mesmo necessário para evitar que nos resultados surjam muitos nomes similares que não nos interessam. - O operador de pesquisa "E" usa-se para obtermos ocorrências simultâneas de duas palavras na mesma página, mesmo que elas estejam afastadas uma da outra e mesmo que uma das palavras surja, por hipótese, 40 vezes na página e a outra surja apenas uma vez. Pesquisando "Francisco E Eleutério" (mas sem colocar as aspas, ou o sistema interpretará que queremos obter ocorrências dessa expressão exacta), surgirão todas as páginas em que, além da palavra "Francisco" também surja a palavra "Eleutério", mesmo que não na mesma linha ou no mesmo parágrafo. Este operador não é muito relevante para pesquisa genealógica, sobretudo porque pode ser substituído por um outro, mais complexo mas com a vantagem de ser ajustável em termos de distância entre palavras, como adiante indicaremos. - O operador de pesquisa "OU" usa-se para obtermos ocorrências de uma só palavra ou de duas palavras numa mesma página e, portanto, é menos relevante ainda do que o operador "E", sobretudo quando as palavras são comuns, pois poderão surgir demasiados resultados que não nos interessam. - O operador de pesquisa "SEM" (quase equivalente ao sinal "-" na semântica da Internet) usa-se para obtermos ocorrências de uma palavra em que não haja outra palavra numa mesma página. Trata-se de um operador que, em certos casos, tem utilidade para evitar perdas de tempo, quando as palavras que queremos pesquisar são muito comuns. Por exemplo, se quisermos pesquisar um antepassado sobre o qual apenas sabemos que era conhecido como o "Capitão", mas sabemos também que não era militar de carreira nem integrava as ordenanças, usando este operador de pesquisa podemos obter apenas resultados para a palavra "Capitão" em que, na mesma página, não surjam palavras que lhe estão habitualmente associadas, como "Ordenanças", "Regimento", "Infantaria", ou "Cavalaria". Note-se que os operadores de pesquisa "E", "OU" e "SEM" devem ser usados sem aspas. Inversamente, se quisermos, por exemplo, encontrar referências ao célebre "Geraldo sem pavor" temos de usar aspas para conseguir encontrar algum resultado pois, se não as usarmos, apenas iremos recuperar a palavra "Geraldo" quando a palavra "pavor" não se encontre na página, pois o "sem" do nome "Geraldo sem pavor" é lido pelo sistema como o operador de pesquisa "SEM". Note-se ainda que todos os operadores de pesquisa acima mencionados podem ainda ser usados com recurso a parêntesis para incluir ou excluir expressões compostas. Esta funcionalidade é mais interessante para a pesquisa genealógica do que usar apenas duas palavras separadas por um operador de pesquisa. Retomando o exemplo do tal antepassado sobre quem sabemos não ter sido militar nem membro das ordenanças mas era conhecido como o "Capitão": se pesquisarmos desta forma - (Capitão OU Capitam) SEM "de Ordenanças" - podemos simultaneamente recuperar resultados com duas grafias diferentes para a palavra que nos interessa e ainda por cima evitar uma das expressões que não nos interessa, filtrando os resultados. Outro aspecto importante a considerar no "DIGIGOV" tem a ver com a acentuação e as cedilhas. Devemos evitar pesquisar com acentos, tiles ou cedilhas. A base de dados consegue recuperar o que queremos, pesquisando de uma forma ou da outra. Porém, na prática torna-se mais lento procurar nos resultados se, ao pesquisarmos, colocarmos na palavra que nos interessa os acentos, tiles ou cedilhas, consoante os casos. A título de exemplo, ao pesquisarmos por "Cândido" surgem-nos todos os "Cândido" e "Candido" que o sistema consegue recuperar. Porém, ao abrirmos, um por um, os respectivos ficheiros pdf com as ocorrências, é nos ficheiros pdf que abrimos depois de termos pesquisado "Candido" - palavra que surge sem acento na caixa superior de pesquisa na página - que mais provavelmente iremos recuperar de imediato o que queremos na dita página. Façamos uma experiência simples para demonstrar como a pesquisa sem acentuação permite chegar mais rapidamente à palavra ou expressão que nos interessa dentro do ficheiro pdf: se pesquisarmos "Capitães" vamos obter 18705 resultados no "DIGIGOV". O mesmo número de resultados vai surgir se pesquisarmos "Capitaes". Porém, ao clicarmos logo no primeiro resultado, depois de termos feito esta pesquisa com a palavra "Capitães", o sistema não consegue assinalar no ficheiro pdf a palavra que pesquisámos. Em vez disso mostra-nos o topo da página onde a ocorrência se encontra e, a vermelho, em cima, o campo com a palavra que usámos para a pesquisa. Neste caso, para que o sistema nos indique em que lugar da página está a palavra que queremos, basta simplesmente ir à caixa assinalada a vermelho e... retirar o til! Porém, se começássemoss logo por pesquisar "Capitaes", portanto sem o til, ao clicarmos na primeira ocorrência o sistema apontaria de imediato para a parte da página que continha a palavra. Note-se que, por vezes, mesmo sem usarmos acentuação, sobretudo no caso de pesquisarmos palavras grandes ou expressões compostas, a base de dados recupera ocorrências mas, abrindo-se uma delas ao acaso, o sistema pode insistir em mostrar-nos apenas o topo da página, ficando a vermelho o campo que mostra a palavra ou expressão usada nessa pesquisa, portanto sem surgir sombreada na página a dita palavra ou expressão pesquisada. Nesse caso, é possível que o problema seja de espaçamento entre letras ou palavras. Para que a base de dados nos mostre então o que queremos no meio do texto da página, no campo a vermelho devemos eliminar uma palavra (no caso de expressões compostas) ou, no caso de termos pesquisado uma só palavra, devemos eliminar a última ou a primeira letra e, se a palavra for grande, mais algumas letras ainda, até que esse campo deixe de ficar vermelho e a base de dados nos diga que há um ou mais resultados na página para vermos. Nessa altura, clicamos sucessivamente na seta para a direita, situada logo ao lado direito do campo com a palavra pesquisada, até encontrarmos o resultado que realmente nos interessa. De qualquer modo, se não conseguirmos perceber como alterar a palavra ou expressão pesquisada no campo a vermelho, de modo a esse campo deixar de ficar vermelho e podermos ver a palavra, ou expressão, assinalada no próprio texto do pdf, temos sempre a hipótese de ler o conteúdo da página na diagonal, pois acabaremos por encontrar o que queremos.
Outra advertência parece-nos ser importante no que diz respeito ao "DIGIGOV". Quando fazemos uma pesquisa, a lista de resultados surge com caracteres a negro e a palavra ou expressão pesquisada aparece sombreada a amarelo. Contudo, várias pesquisas podem gerar resultados sem palavra ou expressão alguma sombreada a amarelo e com todos os caracteres a cinza. Ao clicarmos em algum desses resultados apresentados em caracteres cinza, possivelmente vai-nos surgir a vermelho o campo com a palavra ou expressão pesquisada. Para localizarmos a palavra ou expressão na respectiva página do ficheiro pdf devemos então seguir os mesmos procedimentos indicados acima. Em suma, devemos consultar mesmo aqueles resultados que na lista de resultados surjam a cinza e sem estar realçada a amarelo a palavra ou expressão que pesquisámos. É que os resultados apresentados a cinza não são necessariamente falsos positivos, podendo surgir assim por termos usado na pesquisa acentos ou algum caractere que o sistema não reconheça ao tentar recuperar no pdf a localização exacta. Deixamos aqui outra dica importante: se, ao pesquisar uma palavra ou expressão no "DIGIGOV", não surgir lista de resultados, verifique sempre no rodapé se o número de resultados é mesmo zero, pois, por vezes, a base de dados consegue encontrar alguns resultados mas não apresenta qualquer lista. Nesse caso, refrescar a página e voltar a fazer a pesquisa geralmente resolve o problema. Deixamos para o final deste texto com dicas sobre o "DIGIGOV" duas expressões de pesquisa particularmente úteis e que raramente surgem em outras bases de dados. São expressões de pesquisa complexas e, para ambas, o mais fácil é copiar as mesmas a partir do menu do lado direito do interface de pesquisa e colá-las no campo de pesquisa, substituindo depois as palavras que constam na dita expressão a título de exemplo por aquelas palavras que nos interessam pesquisar. Assim evitamos digitar mal a expressão, o que invariavelmente terá como consequência não obtermos os resultados esperados. Uma destas duas expressões de pesquisa é a [APROXIMADO("Termo1")], a qual permite pesquisar também palavras parecidas com aquela que colocamos no campo de pesquisa, incluindo a palavra no plural, o mesmo verbo mas noutros tempos verbais - se a palavra pesquisada for um verbo, e até variações de género. Por exemplo, se pesquisarmos no "DIGIGOV" com [APROXIMADO("Paterna")] são devolvidos resultados com a palavra "Paterna" mas também com palavras como "Paternal", "Paterno", "Paternas", etc. É claro que esta expressão de pesquisa tende a devolver muitos falsos positivos, mas pode ser bastante útil, por exemplo, quando não sabemos a grafia exacta de um nome ou de uma localidade que nos interessa. A outra expressão de pesquisa que deixamos para o final é a [PROXIMO((Termo1,Termo2),distância)]. Trata-se da mais complexa de todas, mas, nos casos mais complicados de pesquisa, também pode ser a mais útil. De facto, permite filtrar resultados que não nos interessam quando pesquisamos palavras muito comuns na imprensa da época - o que não é possível com os operadores de pesquisa já mencionados acima. Por outro lado, com esta expressão de pesquisa podemos filtrar sem que resultados que eventualmente nos interessem deixem de aparecer. Tem também a vantagem de ser uma expressão de pesquisa configurável, pois podemos definir a distância máxima entre as palavras que queremos pesquisar e ainda permite-nos combinar uma palavra isolada com uma expressão composta, definindo a distância entre ambas, ou até mesmo combinar duas expressões! Alguns exemplos: - Se pesquisarmos [PROXIMO((Maria,Carneiro),10)] vamos recuperar todos os conjuntos de palavras em que surge o nome "Maria" e, menos de dez palavras mais à frente, também a palavra "Carneiro". Entre os resultados que surgem contam-se, por exemplo: "Maria Romana, 40 forçuras de carneiro", "Maria Rita Theodora da Conceição Pereira, D. Helena Barbara Carneiro", ou "Maria Nunes Tavares (Viuva Carneiro)". Como se pode verificar, em apenas dois destes três casos estamos perante uma mulher com o primeiro nome "Maria" e o apelido "Carneiro". Porém, se com o modo como configuramos esta expressão de pesquisa surgirem demasiados resultados e se aquilo que queremos pesquisar for o nome de uma pessoa que foi conhecida como Maria Carneiro, Maria de Sousa Carneiro, ou Maria Rita Carneiro, mas sem termos a certeza destes nomes; uma vez que em todas estas hipóteses o "Carneiro" nunca se situa a mais de 3 palavras de "Maria", na expressão de pesquisa podemos substituir o "10" por "4", por exemplo, e com isso diminuímos o número de resultados que não interessam. É que, ao passarmos de 10 para 4, deixam de surgir os mencionados resultados "Maria Romana, 40 forçuras de carneiro" e "Maria Rita Theodora da Conceição Pereira, D. Helena Barbara Carneiro", pois a distância entre "Maria" e "Carneiro" é, nestes dois casos, superior a 4 palavras. Inversamente, se colocarmos um número baixo na expressão de pesquisa e surgirem depois muito poucos resultados, convém colocar um número maior, para abarcar maior número de possibilidades. - Se pesquisarmos [PROXIMO(("Francisco Xavier",Falcao),20)] isso permitirá recuperar eventuais referências a um homem que nos interessa e que sabemos ter-se chamado "Francisco Xavier" e pertencer a uma família "Falcão" mas não sabemos o seu nome completo. Note-se que, nesta expressão de pesquisa, as expressões compostas devem estar entre aspas dentro dos parêntesis. Note-se ainda que esta expressão de pesquisa só consegue recuperar os resultados em que a palavra ou expressão que colocamos em primeiro lugar dentro dos parêntesis também surja em primeiro lugar na página. Por exemplo, se pesquisarmos [PROXIMO((António,Carrapito),5)], vamos encontrar a referência a um hipotético "António Manuel de Sousa Carrapito", mas não encontraremos referência a um hipotético "Manuel Carrapito, filho de António Manuel de Sousa", que pode ser importante para a nossa pesquisa, pois talvez seja da mesma família. Portanto, convém pesquisar com esta expressão invertendo também a ordem das palavras ou das expressões compostas entre os parêntesis. Em suma, além de a base de dados "DIGIGOV - Diário do Governo Digital" ser muito importante por aquilo que contém, apresenta um interface de pesquisa com muitas possibilidades, concebido para permitir extrair o máximo de informação que nos interessa. Os operadores de pesquisa e, sobretudo, as expressões de pesquisa mais complexas constantes do menu do lado direito, parecem à primeira vista complicados. Porém, assim que os assimilamos sem dúvida que nos serão muito úteis. Além de tudo isto, a base de dados "DIGIGOV" tem como outro ponto forte o modo prático como são apresentados os resultados. É gerada uma lista numerada e ordenada cronologicamente com menção ao exemplar do jornal e página, lista essa composta por excertos do texto contendo os resultados e as ligações para os ficheiros pdf, fazendo com que os resultados não demorem a carregar e sejam facimente guardados num ficheiro word, o qual pode ser depois visto com calma, pois clicando nos resultados que nos interessam, um a um, não é necessário voltar à base de dados. Além disso, ao clicarmos nas ligações elas ganham outra cor e isso permite-nos perceber de imediato, numa pesquisa sobre termos semelhantes, se a ligação em causa já foi por nós consultada antes ou não. Outro aspecto bastante interessante da base de dados "DIGIGOV" é o modo como são apresentados os resultados quando existe mais do que um no mesmo número do jornal e/ou na mesma página, pois todos os resultados surgem dentro de um excerto de texto, para melhor enquadramento. Por outro lado, se pesquisarmos, por exemplo, "Montalegre" e, num mesmo número do "Diário do Governo", surgirem dois anúncios ou notícias sobre Montalegre em páginas diferentes, a busca recupera dois resultados nesse número do jornal mas atribui-lhe um único número sequencial. Outro aspecto muito positivo do "DIGIGOV" é o de abrir por defeito uma janela à parte quando clicamos nas ligações, o que permite pesquisas mais intituitivas e rápidas, até porque as janelas que apresentam os pdfs permitem arrastar, seleccionar texto, descarregar em pdf ou em imagem, e até optar por visualizar uma versão com maior resolução. Porém, a funcionalidade que consideramos mais interessante no modo de apresentar os resultados desta base de dados é aquela que nos permite configurar o número de caracteres que deve surgir em cada resultado, até um máximo de 800 caracteres, ficando o termo pesquisado sensivelmente a meio do número de caracteres que escolhemos, quando os resultados são apresentados. Esta funcionalidade é extremamente útil pois, por a distância ser sempre igual numa lista de resultados, permite-nos com facilidade despistar casos de referências repetidas. Por outro lado, um grande número de caracteres para cada resultado permite perceber melhor o contexto em que surgem as palavras pesquisadas e desde logo apurar se determinados resultados interessam ou não, na maior parte das vezes sem termos de ir verificar o contexto no próprio número do jornal onde constam. Aconselhamos, pois, a que a pesquisa seja sempre configurada para apresentar os resultados no meio de excertos de texto com 800 caracteres. No caso de pesquisas com a expressão [PROXIMO((Termo1,Termo2),distância)] em que a distância colocada é superior a 20, convém mesmo que se opte por resultados até 800 caracteres, pois de outro modo alguns resultados podem não surgir na lista de resultados com qualquer texto sombreado a amarelo, o que obriga a abrir a página do jornal para verificar se estamos, ou não, perante um resultado que nos interessa. Os únicos aspectos menos conseguidos no "DIGIGOV", no meio de tantas virtualidades desta importantíssima base de dados, são: - O termos de usar expressões complexas, em vez de formulários com botões que as substituam. - O não serem geralmente recuperados resultados quando, nos jornais, as palavras que nos interessam estão translineadas. Por exemplo, se pesquisarmos "Montalegre" e num dos jornais metade dessa palavra está no fim de uma coluna e a outra metade no início da coluna seguinte, ficando a palavra separada por hífen, muito dificilmente conseguiremos recuperar esse resultado. - O de o sistema não conseguir processar correctamente buscas por palavras adicionadas de pontuação, o que nos pode impedir de pesquisar, por exemplo, abreviaturas ou monogramas. - O de o sistema não conseguir processar correctamente buscas que incluam o "&" comercial. Por exemplo, se quisermos encontrar uma sociedade formada por membros da família Colares, ao colocarmos simplesmente "Collares" surgem muitos falsos positivos, pois há outros "Collares" que não interessam e bastantes referências à freguesia com este nome. Porém, se pesquisarmos "Collares &" para restringirmos a pesquisa, o sistema não consegue recuperar apenas os resultados que incluam também o "&". Aliás, se pesquisarmos apenas com "&" para, por exemplo, encontramos todas as sociedades comerciais mencionadas numa determinada época, o sistema não recupera quaisquer resultados, embora o "Diário do Governo" esteja repleto de referências com o "&" comercial. - O de o sistema não conseguir diferenciar maiúsculas e minúsculas. Esta é, talvez, a maior fraqueza da base de dados. Por exemplo, se pesquisarmos por "Lícia" - nome próprio de uma senhora que viveu em Portugal no século XIX - surgem inúmeros resultados em que a palavra que consta no jornal é "Polícia" ou "Milícia" mas onde o OCR leu um espaço entre "Po" e "lícia" ou entre "Mi" e "lícia". Em praticamente todos estes casos, o "l" é minúsculo, mas, como a base de dados não distingue maiúsculas de minúsculas, torna-se extenuante procurar o que nos interessa, pois há que encontrar o nome próprio "Lícia" no meio de 2391 resultados do "DIGIGOV"! Um outro exemplo: se estamos a estudar um tema portuário e colocamos "porto" na pesquisa, vão surgir milhares e milhares de resultados que não dizem respeito a portos mas sim à cidade do Porto em geral. Chegou a ser testada uma caixa de verificação que permitia diferenciar maiúsculas e minúsculas na pesquisa, mas, por dificuldades técnicas, não veio a ser implementada. Porém, esperamos que no futuro esse problema seja resolvido e a base de dados "DIGIGOV" venha a ter ainda mais funcionalidades úteis, além daquelas que já tem. E agora que já sabe melhor como funciona esta incontornável base de dados, o melhor conselho que podemos dar é experimentá-la, ou então voltar a pesquisar o que já nela pesquisou antes, mas agora com as funcionalidades que aqui indicámos e observando as dicas que demos. É provável que venha a ter agradáveis surpresas. Boas pesquisas!
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